domingo, 8 de fevereiro de 2015

Ar-ranhenta

Como uma sereia... esguia como uma medusa, que usa e queima no en-canto.
Astuta, desvairada, indescritível ser comeu meu 'eu'...
Narcisa, em chamas, aproximando e distanciando, queimando e curando, ferindo e cicatrizando

queima, incendeia, acalma meu fervor.

Narcisa,
compreenda querer-bem não é sempre que se sabe falar o que se deixa enxergar...
Entenda,
quem muito se da, muito se perde...some.
E que os defeitos foram compartidos, embora sejam retidos, eu sei quais são.
Eu sei de onde vem, eu sei por quê eles me vêem,
eu sei por quê são e o por quê nunca se vão.

(...)

Devora-me, engula-me, degusta-me,
Entenda Narcisa, entenda menina...
entenda que o partilhar não é reter,
entenda que para se prosseguir deve-se ter trajetos, deve-se ter vontade.
Deve-se ter condições, porque nada é em vão.

Quando toma-me como teus fios, que me entrelaça em teus caprichos,
aqui estou eu, eu mil vezes teu.
Quando me pondera, quando me liberta,
aqui estou eu, aqui sou teu, mil vezes teu.
Quando debruça teu ser, balbucia me ter, quando me toma teu,
aqui sou eu, mil vezes teu, um dia teu.

prenda-me, segure-me, acalenta-me, deixe-me prosseguir...teu.

Me provoque, me arranque, me rasgue e me rapte,
Me devore, me domine, me fisgue... me roube.
Ah, Narcisa de quantos egos precisa para ser meu?
Para que toda essa imensidão de você transborde pra mim
Se me dão, meu, união...impunha-me

Pondera-me, inescrupulosa me manteve alado, sem lado, detido, vazio.
Segura-me, me escute, degusta-me, me supri com teus devaneios, com teus "eus".
Afasta-me, me deixe, me solte, desprenda-me, me descompasse.
Afugenta-me nos teus passos, me caiba nos teus grãos de areia,
mova&dissa, mutua&lisa, morra&viva.

S O B R E V I V A

Contra arraia, tempestade e vendaval, multiplica teu céu,
amplifica tua dádiva, alimenta de luz.
Sereia, feiticeira e persuasão,
traga-me teu lítio, ludifica teu calor, trague-me com fervor.
- p o r f a v o r -

Comprima minha brasa, suga minha fumaça, me aquece com teus lábios.
Comprima com teu leigo desejo de me ter, trague-me mon amour.
Como tudo que se parte, como tudo que se some, como tudo se aludi,
Com tudo, volte... Contudo volverá.